ESTRUTURA
 CURSOS DE MERGULHO
 A HISTÓRIA DO MERGULHO
 EQUIPAMENTOS
 CONTATO
  Home  Entre em contato!Verificar carrinho    
 
Minha Aventura
Uma História de Ferro e Sangue

Foi a arma que quase derrotou a Inglaterra e, por muito pouco, não reescreveu o final da II Guerra Mundial.
Os submarinos alemães, os Unterseeboote ou simplesmente os U Boats, foram engenhos que de forma única souberam explorar o terrível reflexo do medo ancestral do homem: de que pode ser atingido por algo que não vê. Uma ameaça constante, invisível mas real.
A partir de agosto de1942, silenciosamente, eles vieram até nossas águas. Tão perto que quando à noite na superfície, carregando suas baterias, os marinheiros podiam observar as luzes de Recife, Salvador e do Rio de Janeiro. Afundaram então os navios brasileiros e aliados aos magotes.
Quase por esta época, alguns meses antes, como lobos, infestaram o Atlântico junto a costa leste dos Estados Unidos. Em cinco meses deram cabo de quase 600 navios, perdendo apenas seis submarinos. A maior derrota da história da Marinha americana.
Mas os Aliados disponibilizaram imensuráveis recursos e avançada tecnologia fazendo com que o caçador virasse caça. Logo os U Boats começaram também a serem destruídos quase à extinção. Daqueles 1.167 submarinos produzidos pelos estaleiros, 757 foram afundados, capturados, bombardeados em seus portos ou simplesmente sucumbiram em acidentes. No início de 1945, de cada três U Boats que partiam em patrulha, dois nunca mais voltavam. Era a morte de uma elite.
Nunca na história de todas as guerras uma força sofreu tal percentual de baixas e continuou lutando e ameaçando o inimigo até o fim, obrigando aos Aliados reterem milhares de homens, aviões e navios em situação de constante emprego até maio de 1945.
E mesmo naqueles dias negros sempre haviam voluntários orgulhosos de integrar a Ubootwaffen, uma comunidade unida pelo destino, na qual cada homem "depende do outro e, portanto, tem um compromisso a cumprir com o outro".
Schicksalgemeinschaft, como dizia seu comandante, o Almirante Karl Doenitz.

Ao findar a II Guerra Mundial os U Boats tinham afundado 2.603 navios mercantes e 175 belonaves Aliadas, um total superior a 13.500.000 de toneladas. Estas histórias sempre me impressionaram muito, desde menino. Histórias de ferro e sangue.

Em 2003, já um tanto velhusco, tive a feliz oportunidade de visitar o U 1277, afundado em 1945 ao largo da cidade do Porto, Portugal. Foi uma aventura inesquecível !!

Após dois anos de planejamento, nas duas últimas semanas do verão americano de 2006, mergulhei no U 352, afundado em combate em 1942 ao largo da cidade de Morehead (NC) e visitei o U 505 exposto no Museu da Ciência e Indústria, na cidade de Chicago (IL).

Um U Boat sem sorte

O U 352 era um submarino tipo VII C, com 769 toneladas de deslocamento na superfície, armado com um canhão de 88 mm, dois de 20 mm e 14 torpedos, comissionado em agosto de 1941.
Sua primeira missão de combate aconteceu na Islândia onde não conseguiu afundar nenhum navio e foi duramente bombardeado por destróiers ingleses. Mesmo assim conseguiu retornar são e salvo à sua base em St Nazaire, França.
Durante o período de reaparelhamento, o porto foi atacado por comandos ingleses que não conseguiram atingir as docas dos submarinos. Entretanto uma bala perdida danificou o periscópio do U 352. Algum tempo depois mais um golpe de azar: o U 352 manobrando, atingiu acidentalmente o U 552.
Sua segunda missão de guerra ocorreu em águas americanas. Na tarde do dia 09 de maio de 1942, o U 352 patrulhava as águas rasas do litoral da Carolina do Norte quando seu comandante, o Kapitanleutnant Hellmut Rathke observou pelo periscópio um pequeno navio a meia-marcha, nas proximidades do Cabo Lookout. Era o USCG Icarus, um navio patrulha da Guarda Costeira. Ansioso por combate, Rathke disparou um torpedo contra o alvo escutando pouco tempo após uma forte explosão. Por algum defeito ou incorreta regulagem, o torpedo atingiu o solo submarino. Um tiro curto a 180 metros do Icarus. Sem saber que não havia atingido o navio, o U Boat manteve o curso e ergueu seu periscópio. O comandante foi surpreendido então ao observar que sua vitima era um navio de guerra, estava incólume e se preparava para contra-atacar rapidamente.
O U 352 foi logo violentamente atingido por uma salva de cargas de profundidade, tão próxima do seu casco que ficou gravemente danificado além de ter um tripulante morto e diversos feridos.
Sem mais nenhuma opção possível e ainda recebendo mais outra salva certeira, Rathke ordenou a emersão. Na superfície o U Boat foi atingido por intenso fogo de canhões e de metralhadoras pesadas, afundando para sempre alguns minutos depois. Mesmo metralhados enquanto se debatiam na água, 32 marinheiros e seu capitão conseguiram sobreviver tornando-se os primeiros prisioneiros estrangeiros a serem capturados em águas americanas desde a Guerra de 1812.

Mergulhando no U 352

A costa da Carolina do Norte é um imenso cemitério de navios. Cheia de histórias terríveis sobre naufrágios, piratas, tornados e ... U Boats.
Durante a II Guerra Mundial a ação dos submarinos alemães foi ali tão intensa que a região ficou conhecida como "Torpedo Junction". Neste "campo de caça" mais de 100 navios foram afundados ou danificados pelos U Boats. Também ali está o vapor brasileiro Buarque, partido por um torpedo do U 124, em 14 de fevereiro de 1942. O U 352 foi descoberto por George Purifoy e outros mergulhadores em 1975. George é o proprietário da Olympus Dive Center, operadora que tem sua sede na cidade de Morehead (NC) e leva regularmente grupos de mergulhadores aos mais interessantes naufrágios da região. Na operadora existe um pequeno museu com muitos objetos coletados por Mr George durante anos de mergulho no naufrágio do U 352, inclusive um canhão AAe de 20 mm e uma escotilha, ambos em exposição no deck da empresa.
A Olympus tem disponível um confortável alojamento para mergulhadores bem como dois grandes barcos operacionais dotados de excelente infra-estrutura.
Foi em um destes barcos, o "Midnight Express", que navegamos até o local do naufrágio do U 352, situado a cerca de 25 milhas ao sul do Cabo Lookout.
Presa a âncora no casco do U Boat por um mergulhador da tripulação, caímos na água pela lateral em companhia de Steve, meu dupla e instrutor da Olympus. Apesar de haver alguma corrente e ondas um pouco incômodas, a água azulada estava agradavelmente morna e a visibilidade muito boa. Iniciamos a descida pela amarra da fateixa, direto, de cabeça e, apesar de o submarino estar a 40 metros de profundidade, logo pudemos observar a longa mancha fusiforme do U Boat. Uma visão do seu todo, impressionante!
O U 352 repousa adernado 45º a BE sobre um fundo de areia branca, entre diversos cardumes de pequenos peixes. Todas as suas escotilhas estão abertas mas é proibido a penetração. O seu casco de pressão está muito bem conservado mas o externo tem diversas partes desmanteladas, aparecendo em alguns pontos o seu cavername. Ele teve uma morte violenta.
Fiquei ajoelhado na areia junto à sua elegante popa observando detalhes muito claros, exatamente iguais aos do meu U 552, modelo em escala 1/72 que eu tenho lá em casa. O tubo que lança torpedos da popa está aberto, com a escotilha ainda presa e é agora casa de um colorido peixe-frade. Algumas batidas de nadadeira, sem esforço, e já estamos ultrapassando a escotilha inclinada para carregamento de torpedos na popa. Estava aberta e escura. Dava para escutar a música do filme Das Boot, "Tan, Dan, DAN, Dan..." quando passamos sobre sua torre e os alojamentos dos dois periscópios, deliciados pela ausência de gravidade. Alguns metros a frente e já podemos examinar o reparo do canhão 88 mm. Está sem a arma, possivelmente arrancada pelas cargas de profundidade e até agora não localizada. por mergulhadores. Em 1980 muitas granadas de 88 mm, torpedos e diversos objetos foram coletados na areia por mergulhadores da US Navy. Entretanto ainda existem três torpedos a bordo. Ossos humanos também foram recolhidos ali por mergulhadores clandestinos bem como um dos seus hélices. Que coisa!
Um puxão na mangueira do meu painel de instrumentos, um susto e eu já volto a realidade. É Steve, o meu atento dupla. O ponteiro do meu manômetro já está no vermelho e eu nem vi. É hora de subir, que pena, que aventura inesquecível!
Levo comigo para sempre esta história de ferro e sangue.

Nestor Antunes de Magalhães é mergulhador desde 1992, CMAS 2 estrelas, especialista há muitos anos em história militar e fanático por material alemão da 2 Guerra Mundial. Segundo suas próprias palavras: “Este mergulho foi uma grande aventura para mim pois eu sou um mergulhador absolutamente comum. “




 
 
 
 
 

MINHA AVENTURA


Bota neoprene
 
Sapatilha Fundive
 
Meia Neoprene Fundive
 
Snorkel Aero Pro silicone